Há até bem pouco tempo, o crescimento e o desenvolvimento econômico e
populacional do Estado do Rio de Janeiro aconteciam apenas na costa
litorânea. Essa realidade está se modificando, como demonstram os dados
divulgados pelo IBGE a partir do Censo de 2010. Além do aumento
populacional, o crescimento das demais regiões se dá, por certo, na
esteira da realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
A preparação para os dois grandes eventos faz com que diversas áreas do
Estado recebam obras de infraestrutura, transportes e instalações
esportivas, gerando desenvolvimento. Isto sem falar do setor
petrolífero, que tende a crescer com a exploração da área denominada
como pré-sal. Em todo o Rio, surgem iniciativas ligadas a esse novo
tempo.
Os diversos setores da economia fluminense, em ebulição, exigem que a advocacia seja possuidora de expertises específicas,
antevendo as oportunidades que serão criadas nos próximos anos. E os
advogados devem estar capacitados, humanística e tecnicamente, a
acompanhar e participar das alterações políticas, sociais, econômicas e
dos fenômenos jurídicos que advirão deste novo momento do Rio.
A formação acadêmica do advogado pode não ser suficiente frente às necessidades
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Como órgão de representação profissional, a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), por intermédio de sua seccional e das subseções, precisa
ser um agente fomentador dessa capacitação, valendo-se de instrumentos
educacionais. Em especial, de sua recém-inaugurada rede de ensino
telepresencial, capaz de atingir os advogados de todo o estado,
democratizando a informação, o conhecimento jurídico e a consciência
sobre responsabilidade social e a dimensão ética necessárias ao
profissional que deseja atuar de forma plena nesse Rio que se anuncia.
Por outro lado, a formação acadêmica pode não ser suficiente frente às
necessidades que começam a se apresentar. Com o advento da
digitalização, novas ferramentas vêm rapidamente transformando as
práticas jurídicas. As soluções digitais criadas pelos tribunais e pelo
próprio cotidiano exigem dos advogados uma evolução tecnológica que pode
excluir, de forma dramática, milhares de profissionais do mercado de
trabalho. A única solução: qualificá-los para que possam continuar com
sua indispensável atividade de maneira eficaz e efetiva na nova
realidade do universo jurídico. Tal qualificação deve acontecer por meio
da promoção de palestras e cursos de capacitação, e com a celebração de
convênios para propiciar o acesso às atividades digitais e ao
equipamento necessário à certificação. É também tarefa da OAB lutar para
que os tribunais implantem de forma correta o processo digital.
Precisamos estar aptos a compreender a evolução e o crescimento do
nosso estado, desenvolvendo o pensamento crítico, a visão estratégica e a
capacidade de atuar, sem nunca esquecer a função social da advocacia e
seu papel cidadão. Nosso desafio é grande.
Felipe Santa Cruz é presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro
Artigo publicado no jornal O Globo, 3 de outubro de 2012
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